quarta-feira, 15 de junho de 2011

sobre a boa programação

A BOA PROGRAMAÇÃO


É ILIMITADA, trabalha com a possibilidade de todos os filmes, relaciona-se com
o cinema todo.

*

Pergunta O QUE É PROGRAMAR.

*

SALVA os filmes de se perderem num passado sem história.
Trabalha os preciosos fragmentos de um arquivo em constante formação.

*

NÃO mostra reproduções.
Respeita a integridade dos filmes, procura a MELHOR cópia.
Projecta película em película, vídeo em vídeo, digital em digital.

*

Transforma um filme pela articulação.
Não é temática. É TRAFICANTE.

*
Trata O PASSADO COMO PRESENTE, aproximando ”as coisas que nunca
foram aproximadas e não pareciam predispostas a sê-lo”.

*

Dá a ver, mostra de novo, revê .
Insurge-se contra a VERTIGEM da actualidade.

*

Prefere o E em vez do OU

*

INTERPRETA.
Faz e refaz a história do cinema. Escreve-a com os filmes.

*

NÃO FAZ HOMENAGENS, FAZ RETROSPECTIVAS.

*

Leva a ver, pela APROXIMAÇÃO e pelo DESCONCERTO, o que não se viu
e/ ou o que não se veria.

*

Pensa COM os filmes e com as ligações que tece entre eles.

*

TROCA as voltas ao espectador.

*

É DISRUPTIVA, não quer construir um cânone, é aberta ao espanto.

*

SUSPENDE temporaria e indeterminadamente sessões quando é
impossibilitada de se realizar.

*

É provocada por um estado de coisas e ao mesmo tempo influencia-o.
Programa NÃO quando é preciso.

*

Pratica o desalinhamento por perseverança;
é DESALINHADA para que se possa cumprir.

*

É indisciplinada, inadaptada, não reconciliada.
NÃO ESPERA PARA VER.


por Inês Sapeta Dias, Sílvia das Fadas, Ana Eliseu e Inês Martins

Sem comentários:

Enviar um comentário